Tem dias que acho coisas interessantes em livros chatos

Meu emprego na Prefeitura Municipal de Londrina não me proporciona grande crescimento. Burocrático e repetitivo, talvez a única coisa realmente boa nele, além do salário, é o tempo para ler durante o expediente. Hoje, na última hora em que estive “trabalhando”, dediquei-me ao Agenda Brasil. Perspectivas para a próxima década (Editora Manole, 155 páginas). Um livro chato, de termos técnicos, mas onde achei a seguinte frase:

“(...) há o fato de que o Brasil realmente nunca pôs em prática um princípio que remonta às raízes da tradição judaico-cristã e remonta também às raízes da tradição grega: o princípio da fundação social da propriedade e do lucro, ou seja, a idéia de que a propriedade é um direito civilizatório e possibilitador da vida social em bases éticas superiores. Mas não é um direito único, exclusivo, sagrado, intocável; é um direito que deve ser integrado com outros direitos sociais, comunitários, com as exigências do bem comum, do interesse público, coletivo, do desenvolvimento econômico, social e cultural do país. Enfim, ele tem de ser compatibilizado com as exigências do direito à vida, da dignidade humana, da justiça social, se é que nós de fato compreendemos o direito à vida como sendo elemento nucleador do convívio social.”

Esse trecho faz parte de um artigo escrito por Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Econômico e Combate à Fome. Além dele, vários outros textos de outros importantes autores tratam de outros importantes assuntos. Políticos, economistas, ministros discorrem sobre Constituição, tributação, democratização... Chato? É chato, não há como achar o contrário. Mas está valendo a pena. Fazia tempo que não me surpreendia positivamente com pessoas, principalmente políticos, e mais especificamente do governo Lula.

Se alguém quiser emprestado, o livro está a disposição. Claro, assim que eu terminar de ler.